Presos no ES foram obrigados a sentar em cimento quente, diz denúncia
DE SÃO PAULO
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo investiga uma denúncia de
tortura a 52 presos do Complexo Prisional de Xuri, em Vila Velha (região
metropolitana de Vitória).
Segundo a denúncia, os presos foram retirados das celas no dia 2 de
janeiro e encaminhados a um pátio. Lá, foram obrigados a ficarem nus e a
sentarem no chão de cimento, aquecido pelo sol, por cerca de duas
horas.
A situação gerou queimaduras graves nas nádegas de todos os internos. A
suspeita é que eles tenham sido torturados por um grupo de agentes
penitenciários depois de reclamar da falta de água.
Os relatos indicam ainda que a direção do presídio isolou os 52 presos
após o ocorrido, deixando-os com as queimaduras expostas pelo corpo por
cerca de uma semana.
Os presos só receberam atendimento médico na última quinta-feira (10),
quando o Tribunal de Justiça determinou que eles fossem retirados da
unidade prisional e levados para fazer exames e receber remédios.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Justiça, que
responde pelas unidades prisionais, informou que exonerou o
diretor-adjunto do complexo prisional do Xuri e encaminhou o caso para
investigação da Polícia Civil e da corregedoria da secretaria.
Segundo o secretário de Justiça, André Garcia, os agentes penitenciários suspeitos de participar da ação poderão ser punidos.
Garcia lamentou o caso e disse que ordenou uma intervenção no presídio.
"As fotos são muito contundentes. É lamentável termos que conviver com
um quadro desses, e precisamos dar um resposta [às denúncias]", afirma.
TORTURÔMETRO
Após a denúncia, o presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo,
Pedro Valls Feu Rosa, anunciou que vai intensificar as medidas de
combate à tortura nos presídios do Estado.
A frequência de relatos de tortura no ES motivou a criação de um
"torturômetro" para contabilizar os casos. Somente em 2012, o tribunal
recebeu 355 denúncias como a ocorrida no complexo prisional de Xuri. (NATÁLIA CANCIAN)