http://passapalavra.info/?p=57597
Caso do jovem Vinícius Moreira Ribeiro, torturado e morto dentro de carceragem em São Gonçalo/RJ, é arquivado
No dia 6/3/2009, Vinícius Moreira
Ribeiro, de 20 anos, morreu dentro da carceragem da Polinter (Polícia
Interestadual) em Neves, município de São Gonçalo/RJ. Ele e um menor
haviam sido presos em flagrante no dia 14 de fevereiro do mesmo ano por
tentativa de assalto a um taxista no Engenho de Dentro, Zona Norte do
Rio. Desde que tomou conhecimento de que o menino havia sido torturado e
morto dentro das dependências do presídio, Indaiá Ribeiro, a mãe do
jovem, luta para combater a versão da polícia de que o filho caiu, bateu
com a cabeça e morreu. Após três anos de luta incansável por justiça e
apuração do fato, ela ficou sabendo, no dia 26/4/12, do arquivamento do
inquérito pelo promotor Rubens Viana, responsável pelo caso. Segundo
ele, é impossível saber quem matou Vinícius.
Conheça o caso
De acordo com os funcionários do Pronto
Socorro de São Gonçalo, para onde ele foi levado no dia 6 de março
daquele ano de 2009, Vinícius chegou da Polinter de Neves com marcas e
hematomas espalhados pelo corpo, além do sangue nos ouvidos e um furo no
lado direito de seu peitoral. Esse quadro deixa claro que ele “foi
torturado e morto”, conforme avalia o advogado de Indaiá, Jorge Aluisio
Nogueira. Segundo o médico responsável, o menino foi levado diretamente
ao IML, pois já estava morto quando chegou ao hospital. O pai da vítima e
o advogado conseguiram fotografar o corpo antes do sepultamento no
cemitério de Inhaúma, e registraram várias marcas de contusão e
ferimentos na cabeça e em outras partes do corpo. O laudo do IML,
lavrado em 06/03, embora reconheça que a causa mortis foi hemorragia
intracraniana provocada por “ação contundente”, não faz menção às marcas
nas outras partes do corpo.
Diante das evidências de que o filho foi
espancado, torturado e morto dentro da carceragem, Indaiá iniciou
imediatamente sua luta por justiça, procurando o apoio de movimentos e
organizações que buscam combater a violência promovida pelo Estado. Em
2010, uma mobilização dela e de outros familiares de vítimas diante da
carceragem lembrou não apenas a tortura e o assassinato de Vinícius, mas
também exigiu o fechamento de todas as carceragens da Polinter e o fim
dos maus tratos, superlotação e outras violações de direitos em todo o
sistema carcerário brasileiro. Após a mobilização, no ano passado o
governo estadual anunciou que pretendia desativar “gradativamente” todas
as carceragens da Polinter.
Caso de Vinícius continua impune
Entretanto, a investigação da morte de
Vinícius em particular não avançou. Sua morte foi registrada na 73ª DP
de São Gonçalo, somente com a versão de um policial civil da Polinter.
No dia 18/3/11, foi feita uma manifestação na porta da Chefia de Polícia
para cobrar o andamento do caso, que estava parado até então. Meses
depois, foi informado que o caso ficaria sob a responsabilidade do
promotor Rubens Viana, da 7ª Promotoria de Investigação Penal (PIP).
No ano passado, Indaiá, acompanhada por
militantes da Rede Contra a Violência, se reuniu com Viana para saber
sobre a decisão da Corregedoria da Polícia Civil. Neste dia ficou
sabendo que o delegado Glaudiston Galiano Lessa já havia decidido pelo
arquivamento do inquérito. O promotor prometeu, então, abrir vista do
inquérito e convocar novas testemunhas para prestar depoimento, mas nada
foi feito. Após várias tentativas frustradas de falar com Viana, Indaiá
conseguiu finalmente (26/4/12) um contato com ele, mas a notícia que
recebeu não foi nada animadora. Após reler todo o laudo e mesmo com
todas as evidências de tortura e assassinato, o promotor disse que optou
pelo arquivamento, pois, segundo ele, será impossível provar quem matou
Vinícius.
Para complicar, o recente fechamento da
carceragem de Neves, apesar de uma vitória contra violações de direitos
dos presos, pode significar o fim das investigações da morte do jovem.
Mas isto não significará o fim de nossa luta por justiça neste caso.
Recorreremos onde for necessário. Chega de tortura! Basta de impunidade!
Contato Indaiá: (21)9924-1016
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Nenhum comentário:
Postar um comentário