7 são mortos no Jaçanã; um dia antes, Rota mandou população ficar em casa
27 de julho de 2012 | 3h 03
BRUNO PAES MANSO, RICARDO VALOTA - O Estado de S.Paulo
Em apenas quatro horas, das 21h30 de quarta-feira à 1h30
de ontem, sete pessoas foram assassinadas em três locais da zona norte,
em um raio de 1,5 km, na região do Jaçanã. O primeiro caso foi uma
chacina com quatro mortos. O local do crime, a Rua do Morro do
Livramento, na Vila Nova Galvão, fica a menos de 200 metros do lugar
onde um soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foi
baleado com três tiros de fuzil dois dias antes.
A chacina aconteceu depois que quatro homens encapuzados entraram
atirando no Lava-Rápido do Césinha, no momento em que um grupo jogava
baralho. O local, que funciona há pelo menos sete anos, é usado como
estacionamento para funcionários do posto de saúde vizinho. O dono do
estabelecimento, César Conceição Lopes, de 44 anos, seu funcionário
Isaque Pereira Lima, de 20, e Leonardo Pereira Oliveira, de 17, que
morava perto do local do crime, morreram na hora. O comerciante Dercy
Guilhermino Marques, que vendia batatas fritas nas ruas do bairro,
morreu ontem. Carros da PM socorreram Isaque e Leonardo. Os demais foram
levados pelos vizinhos para hospitais. Nenhum dos quatro tinha
antecedentes criminais.
Na terça e na quarta-feira, segundo moradores, pelo menos seis
viaturas da Rota circularam pela área pedindo informações sobre o
atentado ao soldado Anderson Andrade de Sales na segunda-feira. O
policial sobreviveu.
Moradora há 50 anos da Vila Nova Galvão, uma senhora, que pediu para
não ser identificada, contou que até mulheres foram abordadas para
passar informações a respeito dos autores do atentado. Nas abordagens,
segundo um jovem revistado pelos policiais, moradores eram informados de
que não deveriam ficar na rua depois das 20 horas.
Vizinhos do estacionamento disseram que viaturas da Rota estiveram
duas vezes no local antes da chacina. "Os tiros foram durante a novela
(das 21h). Tivemos de pular no chão para não ser atingidos dentro de
casa. Há anos não ouvíamos notícia de violência no bairro", disse uma
vizinha.
'Biqueira'. No segundo caso, por volta da 1 hora, Daniel Silva de
Melo, de 21 anos, morreu em uma viela com dois tiros. Ele estava na Rua
Águas de Chapecó e tinha antecedente criminal por tráfico. Segundo o PM
que depôs na delegacia, o lugar era uma "biqueira" que vendia drogas.
No terceiro caso, 30 minutos depois, novamente duas motos com dois
homens mascarados atingiram mais dois jovens: Igor Góes, que era órfão e
havia se mudado para o bairro para morar com os avós, e Lucas, que não
teve o sobrenome revelado e no bairro era conhecido como Aliado. Eles
não tinham passagem pela polícia e morreram na hora.
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