Release à imprensa
08 de maio de 2012
“Contra
as cotas, só os racistas!!!”
Na semana do “13 de maio”, o Comitê
contra o Genocídio da Juventude Negra convida todos e todas para a jornada em
defesa de reparações e direitos para o povo negro
Em 13 de maio, o Estado brasileiro celebra a
“abolição da escravidão”. Contudo, para negros e negras, há muito pouco o que
comemorar. Por isso mesmo, longe de ser um “dia de festa”, para nós, este é um
dia de denúncia do racismo. E, infelizmente, passados 124 anos desde que o
Brasil tornou-se o último país do mundo a libertar seus escravos, há muito o
que denunciar.
Afinal, hoje, negros e negras ainda formam a maioria
dos mais pobres, dos sem-teto e sem-terra e daqueles que não têm acesso à
educação, à saúde, ao transporte, à moradia, à terra e ao trabalho dignos. E,
ao mesmo tempo, lamentavelmente, também é negra a maioria dos jovens vitimados
pela violência social e racial, inclusive (e especialmente) por parte dos
agentes de repressão do próprio Estado.
Reparações
já! Queremos direitos e justiça!
Diante desta situação, bem como da crescente onda de
higienização étnico-social e criminalização da pobreza e dos movimentos sociais
que temos presenciado país afora, o Comitê contra o Genocídio da
Juventude Negra (que congrega mais de 20 entidades dos movimentos negro
e popular e, recentemente, esteve à frente da “ocupação” do shopping
Higienópolis) organizou uma “jornada de lutas” na semana que antecede o “13 de
maio” deste ano.
O tema central da jornada – “Contra as cotas,
só os racistas!” – tem como objetivo a implementação imediata de
políticas de ações afirmativas, particularmente nas universidades estaduais de
S. Paulo (que se recusam a adotar medidas efetivas neste sentido).
Contudo, esta não é única reparação que
necessitamos. Também sairemos às ruas em luta contra os ataques às terras
remanescentes de Quilombos cuja existência vem sido ameaçada tanto por
latifundiários quanto pelas “grandes obras” promovidas pelas três esferas de
governo (municipais, estaduais e federal).
Mães pretas, mães de luto e de luta!
Neste “13 de maio”,
quando também se celebra o “dia das mães”, o Comitê levará às ruas as histórias
de sofrimento e, principalmente, de luta de todas as “mães pretas” que tiveram
(e continuam tendo) suas vidas marcadas pelo sofrimento e pela luta.
Assim, estarão
conosco a memória de Dandara (comandante do exército do Quilombo de Palmares) e
Luiza Mahin (dirigente da Revolta dos Malês, em 1835, e mãe do militante
abolicionista Luís Gama). Como também marcharemos ombro-a-ombro com as “Mães de
Maio”, cujos filhos, companheiros, amigos e parentes foram assassinados há seis
anos, quando agentes policiais e paramilitares ligados a grupos de extermínio
mataram mais de 560 pessoas durante apenas 8 dias, numa suposta ação contra o
PCC.
Além de exigir
justiça para estas mulheres, a “jornada de lutas” do Comitê também irá levar
para as ruas a luta contra as muitas formas de opressão e exploração que,
combinando machismo e racismo, marcam profundamente a vida das mulheres negras:
da imposição de padrões eurocêntricos de beleza à superexploração em postos de
trabalho precarizados e terceirizados; da tentativa de transformá-las em
objetos sexuais à violência doméstica; da falta de assistência médica à
impossibilidade de acesso à educação e creches.
As
atividades da Jornada
10
de maio: Aula Pública e Marcha pelo centro da
capital
Horário
e local de concentração: 16:30h, na Praça da Sé.
Mesa da “Aula
Pública”: Milton Barbosa (MNU - mediador
do debate); Reginaldo Bispo (MNU – “A luta quilombola”); Danilo Cruz (Fórum de
Esquerda / aluno de Direito/USP – “Em defesa das cotas) e representante do
Movimento Mães de Maio (Contra a violência racista e policial).
Saída
da Marcha: 18:30h
11
de maio: Aniversário do Núcleo de Consciência
Negra
Em comemoração
aos 25 anos de existência e como ato de resistência à tentativa de “despejo”,
que vem sofrendo por parte da reitoria da Universidade de S. Paulo, o NCN irá
promover duas atividades, às 18 horas, o debate
“Identidade Negra Brasileira”, com a participação de Allanda Rosa
(Arte-educador, escritor e angoleiro); Jupiara Gonçalves de Castro (Fundadora
do NCN e trabalhadora do FMUSP) e o Prof. Dr. Salomão Jovino (Aruanda Mundi).
21 horas: Festa
12 de maio: Contra o genocídio da
juventude negra
14 horas: Ato político e apresentações
culturais em memória dos jovens negros mortos nas periferias de S. Paulo.
13 de maio: uma homenagem às mães pretas
Manhã: panfletagem nas missas da Igreja Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos (Largo do Paissandu).
14
de maio: Debate sobre cotas, acesso e permanência (a confirmar)
Local:
Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC – SP)
Horário:
18:30h
Para maiores informações:
·
Beatriz (Uneafro): beatriz@cqs.adv.br
·
Vanessa (Sujeito Coletivo /
NCN): nessalela@gmail.com
·
Júnior (Levante Popular da
Juventude): afrorebelde@yahoo.com.br
·
Wilson (Quilombo Raça e Classe):
wilsonhsilva@gmail.com
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